Cenário mundial e Brasileiro no combate à cegueira

Segundo estudo feito pela OMS e publicado pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (Ver aqui) as pessoas idosas constituem a população mais afetada quando se fala em doenças visuais, estando entre as maiores causadoras a catarata, o glaucoma, a retinopatia diabética, a degeneração macular relacionada a idade, o tracoma e a opacidade da córnea. Em assembleia da OMS (Genebra, 2013) três indicadores foram discutidos para medir o progresso dos países no combate à deficiência visual:

- A prevalência e as causas da deficiência visual;
- O número de profissionais no atendimento oftalmológico;
- O número de cirurgias de catarata realizadas e cobertura cirúrgica de catarata.

Dados de 2016 mostram redução no número de deficientes visuais e cegos por doenças infecciosas, porém indicam aumento no número de cegos devido ao aumento da longevidade. Nesse sentindo, se torna importante ressaltar a necessidade de ajustar e expandir os programas de saúde pública para tratamentos voltados ao atendimento à uma população mais senil já que 82 % de todas as pessoas cegas no mundo são maiores de 50 anos.
A catarata, juntamente com os erros de refração não corrigidos perfazem 75% de toda deficiência visual e são as principais causas de deficiência visual reversível e acometem os grupos etários mais velhos.

A proporção de cegueira devido à catarata em relação a outras doenças oculares varia de 5% em países desenvolvidos para mais de 50% em países em desenvolvimento. O principal fator, conforme anteriormente citado é o envelhecimento da população.

A cirurgia de catarata é altamente eficaz e quase que imediatamente reabilita a visão do paciente. Segundo a OMS, um médico oftalmologista é capaz de realizar entre 1.000 e 2.000 cirurgias por ano, desde que a estrutura seja adequada.

Estudos também mostram o efeito da deficiência visual para a economia de um país. Em relatório publicado em 2007, chamado “Saúde nas Américas”, a Organização Pan-Americana da Saúde afirma que, em 2.000 a perda anual no PIB decorrente da cegueira e à diminuição da agudeza visual foi de US$ 3.209 milhões na América Latina e Caribe. Estima-se que para o ano 2.020 a perda anual do PIB chegou a US$ 9.983 milhões.

Nesse sentido, todo esforço e injeção de recursos possíveis, torna-se necessário para desaceleração do crescimento da cegueira, evitando que ela inutilize 429 mil pessoas/ano.

Considerando o cenário brasileiro, de acordo com o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2019), a população com idade superior a 60 anos deve dobrar até o ano de 2042, se compararmos aos dados de 2017. Estima-se que em dez anos essa faixa etária irá perfazer 17,4% do total de habitantes do país, ou seja, cerca de 38,5 milhões de pessoas. Com a tendência se mantendo, em 2031 a população de idosos ultrapassara, pela primeira vez, a população de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos e antes de 2050 a população de idosos também será maior do que a população com idade entre 40 e 59 anos. A expectativa de vida em 2030 chegara a 78,33 anos mantendo-se essa tendência.

De acordo com o IBGE (2010), ainda que haja escassez de dados populacionais em várias regiões do país, pode-se utilizar as estatísticas mundiais que correlacionam o nível de desenvolvimento socioeconômico com as condições de saúde ocular no Brasil. Outro fator agravante da área oftalmológica é a longa espera dos pacientes para uma consulta pelo SUS - Sistema Único de Saúde.

Estima-se que o paciente fique em fila de espera entre 6 meses a 2 anos, segundo o Conselho Federal de Medicina. Outro dado, também do CFM indica que a cirurgia de catarata é o procedimento cirúrgico eletivo de maior demanda no SUS.